Na noite de 06 de maio de 2025, palestrei na minha Loja Horeb 43, acerca do Sherer’s Carpet do Grau de Aprendiz Admitido.
No contexto da palestra, abordei alguns pontos, tais como: Trust in God, que representa, no Ritual do Grau I do Rito de York, o momento em que o candidato diz que sua fé está depositada em Deus. Isso, é-lhe questionado por dois motivos: primeiro, porque, de acordo com as antigas leis maçônicas, nenhum ateu pode ser iniciado; segundo, porque não expressando a devida fé em nossa Divindade, nenhum juramento tomado poderá constituir uma verdadeira obrigação.
Surgiu, então, a pergunta acerca da existência, ou não, de incongruência em quem professa doutrina marxista poder ser maçom.
No meu entender, a resposta está devidamente documentada. Portanto, não depende de rebuscada exegese, nem divagações. Pelo contrário, está óbvio ululante.
Antes, porém, é importante deixar claro que a expressão em latim DURA LEX SED LEX, que traduzida para a língua portuguesa significa A LEI É DURA, MAS É A LEI é princípio basilar de uma sociedade. Isso, quer dizer que, mesmo eu – autor deste texto – sendo daltônico, ainda assim, terei que respeitar os sinais convencionais de trânsito. Ainda que eu eventualmente discorde dos padrões das cores que compõem aqueles sinais.
Se existe uma Loja Maçônica feminina – e existe – e ela recebe somente mulheres em seus quadros de obreiros, não adianta eu espernear. Claro que eu não serei aceito no seu quadro, pelo simples fato de eu ser do sexo masculino. Simples, assim. Afinal, é a regra daquela instituição (ou associação).
O militarismo tem como fundamentos básicos a hierarquia e a disciplina. Quem não quer se sujeitar à hierarquia e à disciplina, não seja militar. Existem milhares de outras carreiras por aí, que não exigem a hierarquia e a disciplina com a rigorosidade do militarismo. Cistalino, demais. O que não dá é para eu querer ser militar e não querer me sujeitar às normas do militarismo.
Voltando ao tema:
Landmark XIX, de Mackey: verbis: “A negação da crença no G.A.D.U. é impedimento ABSOLUTO e INSUPERÁVEL para a iniciação” (GRIFO NOSSO).
Landmark 3º, de Alberto Pike: verbis: “A crença no Grande Arquiteto do Universo e numa vida futura”.
Agora, vejamos o que diz o Regulamento Geral da Federação do Grande Oriente do Brasil, artigo 1º: A admissão depende da comprovação dos seguintes requisitos: (...) VI – não professar ideologia que se oponha aos princípios maçônicos; (...) IX – aceitar a existência de Princípio Criador; (...) XI – comprometer-se, por escrito, a observar os princípios da Ordem. Art. 2º A falta de qualquer dos requisitos do artigo anterior, ou a sua INSUFICIÊNCIA, impede a admissão (GRIFAMOS).
Constituição da GLMDF, art. 62: É dever de todo Maçom da jurisdição: I – obedecer aos Landmarks, ... (GRIFAMOS).
Vamos à doutrina Marxista:
Karl Marx era ateu. A sua visão de mundo, centrada no materialismo histórico e na luta de classes, levava-o a rejeitar a crença em Deus e na religião, que ele via como "ópio do povo".
Marx adotou o ateísmo da esquerda hegeliana, como a de Feuerbach, e a sua crítica à religião foi um ponto crucial do seu pensamento.
A esquerda brasileira no geral, formada por diversos partidos políticos (PCdoB, PSOL, PT, PCO etc.) alimentam – e demonstram em documentos e atitudes - uma relação hostil com cristãos, especialmente do segmento evangélico, devido a suas posições totalmente antagônicas. Esse conflito não é por acaso, mas, sim, decorrente da impossibilidade de convergência do pensamento esquerdista com os valores da fé cristã”. (GRIFAMOS).
De um lado, pelos Cristãos, a defesa do direito à vida; do outro, os esquerdistas, a guerra pela liberação do aborto. No mundo cristão, a valorização da família e da continuação da espécie humana; nos partidos de esquerda, o incentivo a relacionamentos não tradicionais.
Destacamos que muitos regimes totalitários históricos perseguiram e cassaram maçons. Isso, porque os princípios maçônicos, como liberdade, igualdade e fraternidade, eram considerados incompatíveis com a ideologia totalitária, que geralmente promove o culto ao líder, a supressão da oposição e a censura.
A Maçonaria foi proibida e os maçons perseguidos em países sob influência stalinista (Josef Stalin foi um revolucionário comunista), pois a liberdade e a igualdade maçônicas eram consideradas incompatíveis com o regime totalitário.
A Maçonaria tem por bases fundamentais a família, o Livro das Sagrada Escrituras (que sempre está no centro de seus Templos, e é aberto em todas as suas sessões) e o direito à vida e à liberdade.
Já o marxismo é ateu, não acreditando na existência de uma entidade divina. Só neste ponto já seria totalmente incompatível com os postulados da Maçonaria. Mas, não para por aí. Ainda há muitas incompatibilidades, como a defesa do aborto, da ideologia de gênero que também são contrários aos princípios judaico-cristãos.
A propósito, o Grande Oriente do Brasil (GOB), que é a mais antiga Potência Maçônica brasileira (associação de Lojas Maçônicas, também chamada de Obediência Maçônica), publicou um Ato do Grão-Mestrado, de número 2.071, publicado no Boletim do Grande Oriente do Brasil, Órgão Oficial da Maçonaria Brasileira, edição de jan. / fev. de 1949, página 23, com o seguinte teor:
Dr. Joaquim Rodrigues Neves, 33, Grão-Mestre Geral da Ordem:
Faz saber aos Maçons e Lojas da Federação, para que cumpram e façam cumprir, que usando das atribuições que lhe conferem as leis maçônicas, e em virtude da resolução unânime do Ilustre Conselho Geral da Ordem, em 7 do corrente mês;Atendendo a que foram submetidas consultas aos Irmãos Conselheiros Gerais, sobre o ingresso e permanência de elementos que professam ideologia comunista; (GRIFEI)
Atendendo a que o Ilustre Conselho Geral, confirmando resoluções anteriores, resolveu que não podem ser admitidos ao Grande Oriente do Brasil os que professam essa ideologia; (GRIFEI)
Atendendo a que resolveu, ainda, que devem ser excluídos da Ordem, em cumprimento a dispositivo constitucional maçônico, os que por acaso tenham sido admitidos, o que só poderia se ter verificado o Ilustre Conselho Geral que a exclusão deve ser feita nos Estados pelos Delegados do Grão-Mestre, ou pelos Grão-Mestres Estaduais, e onde não existirem essas autoridades, pelas Lojas a que pertençam, devendo remeter a comunicação ao Poder Central, com os elementos comprobatórios, isto por que difícil será à Alta Administração da Ordem a apuração nos Estados;
Atendendo a que a resolução do Ilustre Conselho Geral da Ordem está em conformidade com os primeiros defendidos pela Maçonaria, repudiando os Extremismos de qualquer natureza e defendendo intransigentemente os ideais democráticos;
R E S O L V E:
I – Determinar às Lojas da Obediência que não admitam à iniciação elementos que professam a ideologia comunista;
II – Afastar do Grande Oriente do Brasil todos os que, por acaso tenham ingressado em seus quadros e que professem a ideologia comunista, infringindo os princípios maçônicos;
III – Autorizar os delegados do Grão-Mestre, os Grão-Mestres Estaduais e as Lojas do interior, nos Estados onde não existirem essas autoridades Maçônicas, a tomarem as providências necessárias para a exclusão de Maçons mencionados no item II e que só mediante falsas informações poderiam ter ingressado na Ordem, devendo remeter ao Poder Central os nomes dos atingidos e os elementos comprobatórios;
IV – Recomendar a máxima severidade nas sindicâncias, de forma a evitar o ingresso de elementos totalitários, quer sejam comunistas ou fascistas.
Dado e traçado no Gabinete do Soberano Grão-Mestre da Ordem, na cidade do Rio de Janeiro, em 9 de janeiro de 1948, E.V.
(Ass.) Joaquim Rodrigues Neves, 33
Soberano Grão-Mestre Geral da Ordem
Pelo menos, para os obreiros do GOB, a norma é expressa e não encontrei nenhum ato revogatório. Portanto, parece estar em pleno vigor, para aquela Obediência.
Mas, como já retro exposto, nem dependeria de atos de Grão-Mestres. Portanto, seria irrelevante estar em vigor esse Ato.
A doutrina Marxista é totalmente incompatível com os postulados da Maçonaria e como tal deve ser rechaçada por todo maçom regular e ativo, sob pena de perjúrio (porque ele jurou aceitar e cumprir os landmarks e os postulados maçônicos). Portanto, estaria sim descumprindo um landmark, que é norma basilar e imutável para o Maçom, além de um juramento ritualístico-litúrgico sobre o Livro das Sagradas Escrituras e a Constituição de sua Potência.
Fica evidente que professar a ideologia comunista é incompatível com a própria iniciação (ingresso na Ordem). Penso que, só de estar filiado a um partido político de esquerda já é, por assinar a ficha de filiação, concordar com a ideologia daquele partido político o que já cria um paradoxo.
Como atuante no meio jurídico que sou, tenho por mim que nenhum irmão que ainda esteja na Ordem e alimente em seu coração uma ideologia marxista, não poderia assumir ou concorrer a qualquer cargo de liderança maçônica, simplesmente porque não há como liderar uma instituição que tem seus postulados e princípios, renegando esses princípios (ainda que parte deles – ou o principal deles), por total incompatibilidade.
Mateus 6:24: “Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. (...)”. |
DF IRMÃOS 
